Meu marido diz que já parou de ser bondade e virou TOC, mas enfim. Não tem mais como fugir.
Sempre gostei de bichos, sempre tive vira-latas, mas agora a coisa virou profissa.
Isso desde que fui morar na Granja Viana e o dono da casa que eu aluguei deixou cinco cachorros pra gente cuidar - e nunca mais foi buscar.
Eram um pastor belga, um labrador, um golden e duas vira-latas.
Uma fugiu, a Sharis. O golden não andava, o dono falou que era porque ele era epiléptico (sim, ele era epiléptico), mas depois de duas semanas de ração boa o cachorro já corria. Todo mundo queria ele, o Pit, mas ninguém ficava quando sabia que ele tomava gardenal, um por dia. Consegui doá-lo faz uns quatro meses. O Sony, um labrador, eu doei na primeira semana, foi fácil. O Balu a gente segurou porque meu, era o melhor cachorro do mundo, mas aí surgiu uma proposta irrecusável, pra ele ir pra uma puta fazenda foda, e a gente achou que ele ia ser mais feliz.
A Laika Virgin, a última vira-lata, foi embora sábado passado. Mais de um ano depois disso tudo. A Rosana (Hermann, do Querido Leitor) ficou com ela. A Laika foi ser feliz em Águas de São Pedro.
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Lógico que isso tudo não ia durar muito. Antes de ontem recebi um email sobre uma pitbull que foi envenenada pelo seu próprio dono, que ficou olhando ela estrebuchar. Ela foi recolhida pela carrocinha e ficou no CCZ de Diadema. Chorei que nem criança (ok, inferno astral é foda) e liguei pro número de telefone do email. No dia seguinte (hoje), mandei um taxidog ir pegar a cachorra lá em Diadema e levar direto pra veterinária.
Encurtando a história toda, ela está aqui em casa. Junto com dois gatos que chegaram hoje também, um outro gato que eu já tinha, um que vai embora amanhã (foi adotado!), uma cachorra que eu adotei, dois cachorros que eu ganhei e um que eu peguei e está pra adoção.
São Francisco perde. Mas essa é a vida que eu escolhi. Minhas pessoas, meus bichos, meus textos e minhas botas - todos sempre junto de mim, pra me fazer uma pessoa inteira.