terça-feira, 15 de julho de 2008

sobre.


Da vontade arrastada, estrangulada, amarfanhada dentro do meu corpo que insiste em não brotar asas não importa quantas sementes eu jogue, enterre, adube e regue, ele não se ergue, e ao mesmo tempo não se basta, e raspa e aborta as asas recém-nascidas, com pesticidas em palavras tortas e cor-de-ferrugem. Uma senzala de dentes presos e línguas esparsas que corroem as frases inteiras, e tudo desconexo se esmaga sob as patas do cavalo urgente. Que galopa. Pra longe. Pra lá.

4 comentários:

Nina disse...

Continuo rezando por você e pela sua família.
E enviando pensamentos positivos nas asas de anjos de cura.

"Animal encantado - melhor que nós todos!
- que tinhas tu com este mundo
dos homens?

Aprendias a vida, plácida e pura, e entrelaçada
em carne e sonho, que os teus olhos decifravam...

Rei das planícies verdes, com rios trêmulos de relinchos..."

(extraído do poema "Lamento do oficial por seu cavalo morto", de Cecília Meireles)

Pin-Up Carioca disse...

Se raspa e aborta,é que ainda não é tempo de nascer.
O que é torto?...O desconexo tem sentido pra quem sente.
Melhor assim.
Antes tácito,intenso e selvagem!
Adoro...

Clayton disse...

Estou passando pelos mesmos medos, por causa da minha mãe. Força pra nós!

Anônimo disse...

Muito bom! (é só a minha opinião, e daí, né?) Gostei muito das coisas que li por aqui... "Sobre" me remete a inúmeras imagens e angústias, seu texto é cheio de sensações interessantes! Andei lendo outras coisas também, "Pólen", e outros. Adorei o modo como vc escreve, espero que não se importe, vou fazer link no meu blog, ok?
abçs